PANC

PANC 
  • P – Plantas
  • A – Alimentícias
  • N- Não
  • C – Convencionais
O conceito de PANC, foi desenvolvido pelo biólogo e professor do Instituto Federal do Amazonas, Valderly Ferreira Kinupp, se refere as plantas que não são consumidas de forma cotidiana e sistemática na nossa alimentação. Este consumo, não é realizado, ou porque desconhecemos o uso ou porque devido à introdução de plantas cultivadas de maior interesse econômico, foram substituídas na nossa alimentação. Vale dizer, que muitas destas plantas, em gerações anteriores, eram as únicas disponíveis, e eram consumidas rotineiramente na alimentação de nossos antepassados, cultivadas ou mesmo coletadas na natureza, estes alimentos ancestrais forneciam refeições muito mais saudáveis e muito mais nutritivas e ricas e micronutrientes. 
Reforçando a tese do monopólio das sementes, Pollan em seu livro dilema do onívoro: uma história natural de quatro refeições de 2008, afirma que dois terços das calorias ingerida pela população mundial provém apenas de quatro plantas: milho, soja, trigo e arroz. Esta monotonia alimentar leva a um empobrecimento de nutrientes e vitaminas. O organismo gosta e precisa de variedade, precisamos de formas e sabores diferentes; a variabilidade genética e a adaptação das plantas espontâneas levam a uma maior concentração de minerais nestas espécies, além disto, sua rusticidade não sofreram alterações de transgenia e geralmente não necessitam da utilização de agroquímicos, o que, hoje em dia, é fator importante na agricultura orgânica. O cultivo das hortaliças não convencionais está relacionado geralmente aos pequenos agricultores, para consumo próprio, e dificilmente as colocam à venda, pois estes produtos tem baixo apelo comercial. Quando o fazem é para produtos que tem consumo ligado a receitas tradicionais e regionais, como por exemplo a maniçoba (ramas de mandioca) e o mangará (coração da bananeira). Uma tendencia que está surgindo agora, por alguns grandes chefes da culinária de grandes centros, é a adoção de produtos PANC na confecção de pratos estilizados e modernos, no intuito de agregar sabor e sofisticação, além de implementar a filosofia do saber de onde vem os ingredientes. Esta tendência está fazendo com que surja um pequeno comércio e demanda por produtos PANCs.
A terminologia não convencional para designar uma planta como alimentar, tem que ser esclarecida: A planta não convencional ela pode ser uma planta que já fez parte do cardápio de uma população, e no momento, as pessoas deixaram de utiliza-la, substituindo por espécies, mais fáceis de se obter, de se produzir, ou de apelo comercial mais atrativo. Vale-se dizer que até meados do século passado, muita das hortaliças europeias não eram adaptadas aos trópicos, ou eram disponíveis apenas em parte do ano. Também pode ser considerada PANC, uma parte de uma planta alimentícia, convencional, mas que normalmente não utilizamos para a nossa alimentação, é o caso do mangará ou coração da bananeira, que é a parte terminal do cacho de bananas que normalmente é jogado, no entanto pode ser utilizado também. No caso da bananeira também se utiliza o centro do pseudotronco como palmito, e pode-se utilizar os frutos imaturos para a confecção da biomassa de banana verde, ou seja, seria um uso não convencional do fruto. 



Fotos: Acervo pessoal JCBueno, Mangará, coração de bananeira. Bueno Brandão-MG, fevereiro/2021

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