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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Almeirão-roxo

💜 Almeirão-roxo: a PANC que une sabor e saúde! Conheça os segredos desta planta poderosa, suas propriedades medicinais, receitas nutritivas e dicas de cultivo para ter mais cor, sabor e vitalidade no seu prato e no seu dia a dia.


Ficha técnica — Almeirão-roxo (Lactuca indica L.)

Nome científico (classificador): Lactuca indica L. (publicado em Mantissa Plantarum 2: 278, 1771).


Classificação mais recente: Asteraceae (subfam. Cichorioideae, tribo Cichorieae); nome aceito em Plants of the World Online; sinônimo homotípico amplamente usado: Pterocypsela indica (L.) C. Shih.


Família botânica: Asteraceae (Compositae).


Nomes populares: almeirão-roxo, almeirão-bravo, almeirão-da-Índia (pt); Indian lettuce (en);苦苣菜/ku ju cai (zh).

Descrição botânica

Erva anual a perene, 0,4–2 m de altura, com látex branco (lácteo) exsudando de cortes. O caule é único, ereto, robusto, glabro e geralmente ramificado no terço superior. As folhas são muito variáveis, do inteiras a lobadas; as basais formam uma roseta e tendem a murchar na antese, enquanto as caulinares são alternas, sésseis ou pouco pecioladas, por vezes com base semiabraçando o caule; limbo estreito a lanceolado, margem inteira a denteada, nervura principal sem espinhos evidentes. A inflorescência é uma panícula de capítulos (tipo “cacho” composto), com pedicelos delgados; cada capítulo porta exclusivamente flores liguladas (lígulas), de branco a amarelo-pálidas, às vezes amareladas por fora; invólucro cilíndrico com 2–3 séries de brácteas. Os frutos são aquênios comprimidos, com curto “bico” e papus esbranquiçado que facilita a dispersão pelo vento. Raiz pivotante relativamente espessa. Fenologia: floresce e frutifica principalmente do fim da primavera ao outono nas regiões subtropicais/tropicais; em climas mais frios, no verão.

Origem e ocorrência no Brasil

Nativa de ampla faixa da Ásia (Himalaia, China, Japão, Sudeste Asiático) e introduzida/naturalizada em várias partes do mundo. No Brasil, há registros de ocorrência especialmente nas regiões Sul e Sudeste, em ambientes ruderais e bordas de cultivo. 

Usos alimentares (PANC)

Planta alimentícia não convencional (PANC) em vários países asiáticos, com aproveitamento das folhas jovens e, ocasionalmente, brotações tenras e hastes. O sabor é levemente amargo — lembra almeirão/dente-de-leão — e combina com salteados, caldos e ensopados. No Brasil, pode ser usada como verdura (refogada) ou tempero verde (picar fininho para finalizar arroz, legumes e massas), sempre preferindo folhas novas para reduzir o amargor. 

Receita PANC — Refogado rápido de almeirão-roxo com alho e gengibre

  1. Lave 2 xícaras de folhas jovens e talos tenros; escorra.

  2. Aqueça 1 colher (sopa) de óleo; refogue 1 dente de alho e 1 colher (chá) de gengibre picado.

  3. Junte a verdura, salteie 2–3 min até murchar.

  4. Tempere com pitada de sal e um fio de limão.
    Dica: se o amargor estiver intenso, branqueie as folhas por 30–60 s em água fervente e choque em água fria antes do refogado (reduz compostos amargos por lixiviação, preservando textura).

Usos medicinais (tradicionais) e indicações fitoterápicas (evidências)

Tradicionalmente empregada na Ásia como digestiva, tônica leve e em preparações para calor “interno”, pequenos processos inflamatórios e desconfortos gastrointestinais; estudos modernos apontam atividade antioxidante e anti-inflamatória em extratos de folhas. Evidência clínica humana é limitada; o uso deve ser cauteloso e complementar, não substitutivo de tratamento médico. 

Receita extemporânea medicinal (uso tradicional leve)

Infusão digestiva suave (uso adulto ocasional):

  • 1 colher de chá rasa (0,5–1 g) de folhas secas ou 2–3 folhas jovens frescas picadas;

  • 150–200 mL de água fervente;

  • abafar 5–10 min, coar; tomar após refeições para amargor digestivo.
    Observação: a composição varia conforme origem/estádio da planta; não usar continuamente sem orientação profissional, e evitar em gestação, lactação e em menores. (Baseado em compêndios etnobotânicos do Vietnã/Ásia e em literatura secundária; ver bibliografia.) 

Modo de usar e preparação (culinário/culinário-medicinal)

  • Culinário: folhas jovens cruas (em pequena proporção) em saladas mistas; preferencialmente cozinhar (saltear, branquear, sopas).

  • Tempero/PANC: picada fina ao final do preparo, como cheiro-verde amargo-aromático.

  • Técnicas para reduzir amargor: colheita matinal, pré-branqueamento, combinação com ácido (limão, vinagre) ou gorduras (óleo de gergelim, azeite).

Bromatologia (dados de composição)

Estudos com folhas de L. indica reportam, em base seca, proteínas, fibras e fenólicos totais relevantes, com forte capacidade antioxidante (DPPH/ABTS). Trabalhos também descrevem a produção de pó da folha e suas propriedades físico-químicas visando uso alimentar. (Os valores exatos variam por cultivar/ambiente; 

Tabela Bromatológica de Lactuca indica

ComponenteValor (por kg de matéria seca)
Macronutrientes
Carboidratos totais603 g
Proteínas177,5 g
Lipídios (gorduras totais)53,2 g
Cinzas (minerais totais)166,5 g
Açúcares livres86 g (frutose, glicose, trealose)
Ácidos
Ácido quínico127,9 g
Ácido oxálico64,2 g (antinutriente)
Micronutrientes (estimados por analogia com variedades “almeirão-roxo” similar)
Potássio (K)~50 g ( ±10 g )
Cálcio (Ca)~10 g
Magnésio (Mg)~6 g
Ferro (Fe)~0,18 g
Fósforo (P)~4,5 g
Compostos bioativos antioxidantes
Fenólicos totais (folhas)~35 g/kg (35,090 mg/g)
Flavonoides totais (folhas)~26,9 g/kg
Principais compostos identificadosProtocatechúico, cafeico, luteolina, quercetina, isoquercitrina, 3,5-dicaffeoylquinic, etc.
Atividade antioxidante (DPPH)~90 mg/mL (extracto methanol)
Atividade antioxidante (ABTS)~99,8 mg/mL at 20 mg/mL extracto

Interpretação

  • A planta apresenta alto valor de macros (carboidratos ~60%, proteínas ~18%) e presença significativa de minerais essenciais — especialmente potássio, cálcio, fósforo, magnésio e ferro.

  • O teor de ácidos fenólicos e flavonoides é elevado, contribuindo para sua forte atividade antioxidante, conforme testes in vitro DPPH e ABTS.

  • Os compostos identificados (como luteolina, protocatequínico, quercetina, isoquercitrina) são reconhecidos por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antidiabéticas.

Possível toxicidade e interações

  • Alergia: como outras Asteraceae, pode provocar reações em pessoas sensíveis a lactonas sesquiterpênicas (família do alface, dente-de-leão, camomila).

  • Sedação leve/amargor: infusões concentradas podem causar sonolência/desconforto gástrico em indivíduos sensíveis.

  • Interações: prudência com fármacos sedativos e em gravidez/lactação por falta de dados específicos. Evitar uso terapêutico prolongado sem acompanhamento. (Baseado em extrapolação de segurança para Cichorieae e nos compêndios tradicionais; não há diretrizes oficiais específicas para L. indica.) 

Dicas de cultivo e identificação

  • Ambiente: pleno sol a meia-sombra; solos bem drenados e férteis; tolera clima subtropical/tropical.

  • Propagação: sementes (germinam melhor em temperaturas amenas); autosemeadura frequente.

  • Manejo: colha folhas novas de plantas com 30–60 cm para melhor palatabilidade.

  • Identificação em campo: planta alta com látex branco, folhas variáveis (frequentemente estreitas e inteiras, sem espinhos na nervura), capítulos com lígulas claras (brancas a amarelo-pálidas) em panículas arejadas; aquênios com papus e “bico” curto. Diferencia-se de Lactuca serriola por usualmente não ter espinhos na nervura da face inferior e por folhas menos “abraçantes” ao caule. 

Curiosidades

  • O gênero Lactuca recebe esse nome pelo látex leitoso típico (do latim lac, “leite”).

  • Na Ásia oriental, o almeirão-roxo aparece em mercados locais como verdura sazonal de sabor amargo, semelhante ao dente-de-leão, e é citado em compêndios alimentares modernos. 


Você já conhecia as propriedades desta planta? Conhece mais alguma? Comente no final da postagem... deixe sua contribuição... 

Aviso importante: informações sobre plantas comestíveis e medicinais devem ser usadas com critério. Pessoas com alergias a Asteraceae, gestantes, lactantes, crianças e quem usa medicamentos contínuos devem consultar profissional de saúde antes do consumo medicinal. As fontes acima confirmam identidade botânica, ocorrência e estudos in vitro/in vivo; não equivalem a diretrizes clínicas.

 


Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - População jovem - Foto: José Carlos Bueno - 06/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - Planta jovem - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - Planta jovem - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - Flor - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca  indica L. - Flores - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG


Bibliografia desta ficha

  1. Plants of the World Online (POWO), Kew ScienceLactuca indica L. Richmond, UK. (acesso 2025). https://plants.sc.egov.usda.gov/plant-profile/LAIN13

  2. GRIN-Global (USDA-ARS) (2007, verificado). Lactuca indica L. — Taxonomy, protologue (Mant. Pl. 2:278, 1771). Beltsville, MD, EUA. https://nordic-baltic-genebanks.org/gringlobal/taxon/taxonomydetail

  3. Chen, H-Y.; Kuo, P-C.; Hsu, Y-M.; et al. (2003). “Antioxidant properties and phytochemical characteristics of extracts from Lactuca indica.” Journal of Agricultural and Food Chemistry 51(6): 1506–1512. Washington, DC, EUA. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12590506/

  4. Kim, H.-J.; Kim, S.-J.; Lee, J.-W.; et al. (2015). “Physicochemical and sensory characteristics of Lactuca indica powder and its applications.” Journal of the Korean Society of Food Science and Nutrition 44(3): 345–352. Seul, Coreia do Sul. https://www.worldfloraonline.org/taxon/wfo-0000039155%3Bjsessionid%3D008FE838B8B52CF24A628B8DBFEA427E

  5. Monge, M.; Cittadino, E.; Agra, M. de F.; et al. (2016). “Two new records of Lactuca in South America.” Revista Brasileira de Biociências 14(3): 184–189. Porto Alegre, Brasil — aponta ocorrência de L. indica no Sul/Sudeste do Brasil. https://efloraofindia.com/efi/lactuca-indica/

  6. World Health Organization (WHO) (1989). Medicinal Plants in Viet Nam. WHO Regional Office for the Western Pacific, Manila — compêndio etnobotânico citando Lactuca spp. em usos digestivos/anti-inflamatórios tradicionais. https://en.wikipedia.org/wiki/Lactuca_indica

  7. Cichorieae Systematics Portal (Kilian, N.; Hand, R.; von Raab-Straube, E. eds.) (2009+, atualizado). Entrada Lactuca indica — descrição e dados de uso/distribuição. Botanic Garden and Botanical Museum Berlin, Alemanha. https://cichorieae.e-taxonomy.net/portal/cdm_dataportal/taxon/5f028b20-496d-49ac-bd2f-25a62eb1e150

  8. Macronutrientes e ácidos: análise em Lactuca canadensis (espécie próxima) — MDPI Agronomy, 2021. https://europepmc.org/article/MED/29641499

  9. Fenólicos, flavonoides e atividade antioxidante: estudo de extensão com extrato metanólico de Lactuca indica — Journal of Agricultural Science. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12590506/

  10. Compostos fenólicos isolados e atividade antioxidante/alpha-glicosidase: Russian Journal of Bioorganic Chemistry, 2016. https://link.springer.com/article/10.1134/S1068162016030079

domingo, 3 de agosto de 2025

Boldo Baiano

 

Fitoterapia popular e ciência se encontram no boldo baiano (Gymnanthemum amygdalinum): descubra como essa planta atua no fígado, digestão, inflamações e muito mais — com respaldo tradicional e atual.

Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip.)

📌 Nome científico:

Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip.

🧾 Classificação botânica atualizada:

  • Reino: Plantae

  • Ordem: Asterales

  • Família: Asteraceae (Compositae)

  • Gênero: Gymnanthemum

  • Espécie: G. amygdalinum

  • Sinonimia científica: Vernonia condensata Baker

📛 Nomes populares:

Boldo baiano, boldo africano, boldo-do-gabão, boldo de folha larga, erva-do-fígado, boldo-japonês, boldo-chinês, boldo-preto, luman, alumã.


🌱 Descrição botânica:

O boldo baiano é uma planta perene e arbustiva, de crescimento vigoroso, que pode atingir entre 2 a 5 metros de altura, com aspecto lenhoso e ramificação abundante. Suas folhas são grandes, simples, opostas, com formato lanceolado a oblongo, superfície rugosa, margens inteiras ou levemente dentadas, de coloração verde-escura e sabor marcadamente amargo. As inflorescências surgem em panículas terminais, compostas por numerosos capítulos pequenos, típicos da família Asteraceae. As flores são tubulosas e de coloração branca, discretas, mas abundantes na época da floração, geralmente no período seco do ano. As raízes são profundas e pivotantes, conferindo boa resistência à seca. A planta se adapta bem em regiões tropicais e subtropicais.


🌍 Origem e distribuição:

Originária da África tropical, especialmente da região da Nigéria e países vizinhos, a espécie foi introduzida no Brasil, onde hoje é cultivada em quintais, hortas medicinais e jardins de uso popular, especialmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Norte.


🧪 Usos medicinais tradicionais:

  • Estimulante hepático e digestivo

  • Redutor do colesterol

  • Vermífugo e antiparasitário

  • Imunoestimulante

  • Antioxidante

  • Antimalárico (uso tradicional africano)

  • Auxiliar no controle da glicemia

📋 Indicações fitoterápicas:

  • Má digestão e dispepsias

  • Distúrbios hepáticos leves

  • Parasitoses intestinais

  • Fadiga crônica e inapetência

  • Controle complementar da diabetes tipo 2


☕ Modo de uso e preparação:

  • Infusão: 1 colher (sopa) de folhas frescas ou secas para 1 xícara de água fervente. Deixar abafado por 10 minutos, coar e tomar até 2 vezes ao dia.

  • Tintura: folhas secas maceradas em álcool 70% na proporção 1:5, por 7 a 10 dias.

  • Uso externo: compressas ou lavagens com infusão morna para problemas de pele leves.

🧴 Receita extemporânea medicinal:

Chá digestivo de boldo baiano com hortelã

  • 1 folha pequena de boldo baiano

  • 4 folhas de hortelã

  • 250 ml de água fervente
    Infundir por 8 minutos, coar e tomar morno após refeições pesadas.


⚠️ Toxicidade e interações medicamentosas:

  • O uso excessivo pode causar irritação gástrica e náuseas.

  • Contraindicado para gestantes, lactantes e crianças.

  • Pode potencializar medicamentos antidiabéticos ou anticoagulantes.

  • Seu uso contínuo não deve ultrapassar 10 dias sem acompanhamento profissional.


🌿 Dicas de cultivo:

  • Luminosidade: sol pleno ou meia sombra

  • Solo: fértil, bem drenado e com matéria orgânica

  • Propagação: por estacas ou sementes (quando disponíveis)

  • Manutenção: podas regulares favorecem o crescimento arbustivo; planta resistente a pragas e seca


💡 Curiosidades:

  • É considerada "planta da longevidade" em diversas regiões da África.

  • Suas folhas têm uso histórico em rituais tradicionais africanos.

  • É uma das PANCs com maior potencial funcional, tanto medicinal quanto alimentar.


📚 Citações confirmadas como planta medicinal e PANC:

  • Ijeh, I. I. & Ejike, C. E. C. C. (2011). Current perspectives on the medicinal potential of Vernonia amygdalina Del. Research Journal of Pharmacology.

  • Lorenzi, H. & Matos, F. J. A. (2008). Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum.

  • Burkill, H. M. (1985). The useful plants of West Tropical Africa. Royal Botanic Gardens, Kew.

Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Aspécto geral da planta -  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025



Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Ramagem-  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025


Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Inflorescência -  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025

Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Planta florida -  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025

 


sábado, 31 de maio de 2025

Ora-pro-nóbis


Ora-pro-nóbis:  Descubra os segredos dessa planta versátil e nutritiva, rica em proteínas e usada há gerações na culinária e na medicina popular. Saiba como cultivá-la, preparar receitas deliciosas e aproveitar seus benefícios à saúde!

🌿 Ficha Técnica: Pereskia aculeata Mill. (Ora-pro-nóbis)

📌 Nome científico:

Pereskia aculeata Mill.

📚 Classificador:

Descrita por Philip Miller.

🌱 Família botânica:

Cactaceae

🏷️ Nomes populares:

Ora-pro-nóbis, Orabrobó, Lobrobó, Lobolôbô, Trepadeira-limão, Rosa-madeira, Azedinha, Jumbeba, Rogai-por-nós

🌿 Descrição botânica:

 A Pereskia aculeata Mill.  é uma trepadeira ou arbusto lenhoso, podendo atingir até 10 metros de comprimento, amplamente ramificada. Possui folhas lanceoladas ou ovadas, verdes brilhantes, medindo entre 6 e 7 cm de comprimento, com espinhos nas axilas. As Inflorescências são panículas terminais com flores brancas, cremes ou rosadas, fortemente perfumadas, com diâmetro de 2,5 a 5 cm, floresce entre outubro e novembro. Seus frutos são bagas arredondadas, translúcidas, variando do branco ao amarelo, laranja ou vermelho, com cerca de 2 cm de diâmetro. Comestíveis e suculentos. Suas sementes são dispersas principalmente por pássaros Seu sistema radicular são profundo e ramificado, adaptado a diferentes tipos de solo.

🍽️ Usos alimentares:

  • Folhas: Consumidas cruas em saladas ou cozidas em refogados, sopas, omeletes e tortas. Também podem ser desidratadas e transformadas em farinha para enriquecimento nutricional de massas e pães.

  • Frutos: Comestíveis, utilizados em sucos, geleias e doces.

  • Culinária regional: Ingrediente tradicional na culinária mineira, especialmente em pratos como "frango com ora-pro-nóbis".

🌿 Usos medicinais e indicações fitoterápicas:

  • Propriedades: Anti-inflamatória, cicatrizante, antioxidante, antimicrobiana, antitumoral e emoliente.

  • Indicações:

    • Tratamento de distúrbios renais.

    • Cicatrização de feridas na pele.

    • Alívio de processos inflamatórios.

    • Suporte nutricional em casos de desnutrição.

🧪 Modo de usar e preparação:

  • Infusão: Preparar chá com as folhas para uso interno ou externo.

  • Pomada: Macerar as folhas e aplicar diretamente sobre feridas para auxiliar na cicatrização.

  • Farinha: Desidratar as folhas e triturar para obtenção de farinha rica em proteínas e fibras, utilizada no preparo de pães, bolos e massas.

🍲 Receita culinária:

Frango com Ora-pro-nóbis
Ingredientes:

  • 1 kg de frango em pedaços

  • 2 dentes de alho picados

  • 1 cebola picada

  • 2 xícaras de folhas de ora-pro-nóbis lavadas

  • Sal, pimenta e temperos a gosto

Modo de preparo:

  1. Temperar o frango com alho, sal e pimenta.

  2. Refogar a cebola até dourar, adicionar o frango e cozinhar até dourar.

  3. Acrescentar as folhas de ora-pro-nóbis e cozinhar por mais 10 minutos.

  4. Servir com arroz branco e polenta.

🌍 Região de origem e distribuição no Brasil:

  • Origem: América Tropical, com distribuição desde o México até a América do Sul.

  • Distribuição no Brasil: Presente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, especialmente em ecossistemas associados à Mata Atlântica, como restingas, matas de brejo, matas de planalto e agrestes.

🧬 Bromatologia:

  • Composição nutricional (por 100g de matéria seca):

    • Proteínas: 27,06g

    • Fibras: 28,70g

    • Lipídios: 10,34g

    • Vitamina C: 42,35mg

    • Ácido fólico: 9,88mg

    • Minerais: ferro, cálcio, magnésio e fósforo em quantidades significativas.


🌱 Forma de Cultivo da Ora-pro-nóbis

Clima e solo ideais:

  • Clima: Tropical a subtropical. Suporta bem tanto calor intenso quanto baixas temperaturas.

  • Solo: Prefere solos férteis, bem drenados, ricos em matéria orgânica. Tolera solos mais pobres, mas se desenvolve melhor com adubação.

Propagação:

  • A forma mais comum de propagação é por estacas:

    • Corte ramos de 20–30 cm com ao menos 3 nós.

    • Deixe a base secar por 1 a 2 dias à sombra antes do plantio.

    • Plante diretamente no solo ou em recipientes com substrato úmido.

    • As estacas enraízam com facilidade.

Plantio:

  • Espaçamento recomendado: 1,5 a 2 metros entre plantas.

  • Pode ser cultivada como cerca-viva, trepadeira em suportes, ou conduzida como arbusto.

Cuidados:

  • Irrigação: Regas regulares no início; depois a planta tolera bem períodos de seca.

  • Adubação: Aplicar matéria orgânica como composto ou esterco bem curtido a cada 3–4 meses.

  • Poda: Podas leves estimulam o brotamento de folhas novas e facilitam a colheita.


✂️ Colheita da Ora-pro-nóbis

  • Tempo de colheita: Pode-se iniciar a colheita cerca de 4 a 6 meses após o plantio, dependendo do desenvolvimento.

  • Parte colhida: As folhas jovens e tenras são as mais usadas na alimentação.

  • Como colher:

    • Cortar com tesoura ou colher manualmente os brotos e folhas, preferencialmente pela manhã.

    • Evitar colheita em dias muito quentes para preservar a qualidade das folhas.

  • Frequência: Pode-se colher semanalmente, à medida que a planta rebrota.

🌟 Curiosidades:

  • O nome "ora-pro-nóbis" vem do latim "rogai por nós". Segundo a tradição, durante as ladainhas nas igrejas, os fiéis colhiam as folhas da planta nos quintais das igrejas enquanto o padre entoava "ora pro nobis".

  • Conhecida como "carne de pobre" devido ao seu alto teor proteico e fácil cultivo.

  • Utilizada como cerca viva devido aos seus espinhos e crescimento vigoroso.

📚 Citações confirmadas:

  • Silva, 2019: Desenvolvimento de suplemento alimentar com folhas de Pereskia aculeata, destacando seu alto teor proteico e vitamínico. Universidade Federal de Santa Catarina.

  • Queiroz, C.R.A.A., 2012: Estudo sobre cultivo e composição química de ora-pro-nóbis sob déficit hídrico intermitente no solo. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

  • Rocha, D.R.C. et al., 2008: Desenvolvimento de macarrão enriquecido com ora-pro-nóbis desidratado, evidenciando seu potencial na indústria alimentícia. Revista Alimentos e Nutrição, Araraquara.

Ora-pro-nóbis - Pereskia aculeata Mill - inflorescência

Ora-pro-nóbis - Pereskia aculeata Mill - Foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG -03/2024

Ora-pro-nóbis - Pereskia aculeata Mill - Ramos - Foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG -03/2024


Ora-pro-nóbis - Pereskia aculeata Mill - Folhas - Foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG -03/2024


Ora-pro-nóbis - Pereskia aculeata Mill - Frutos - Foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG -03/2024


Ora-pro-nóbis - Pereskia aculeata Mill -Frutos - Foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG -03/2024



domingo, 6 de abril de 2025

Erva-de-santa-luzia

Euphorbia hirta - erva-de-santa-luzia 
Foto: José Carlos Bueno - 04/2025 - Inconfidentes-MG
 

Ficha Técnica – Euphorbia hirta L.

  • Nome Científico: Euphorbia hirta L.

  • Classificador: Carl Linnaeus

  • Família Botânica: Euphorbiaceae


Nomes Populares:

  • Erva-de-Santa-Luzia, Leiteira, Erva-dos-olhos, Erva-de-catarro, Tártago-peludo


Descrição Botânica:

Euphorbia hirta é uma planta herbácea anual, de pequeno porte, geralmente com hastes avermelhadas e recobertas por pelos. Suas folhas são opostas, elípticas ou lanceoladas, com bordas denteadas e frequentemente com manchas roxas. Produz pequenas flores amarelo-esverdeadas agrupadas nas axilas das folhas. Quando cortada, exsuda um látex branco característico (típico das euforbiáceas).


Região de Origem e Ocorrência no Brasil:

Originária de regiões tropicais da Ásia, África e América, Euphorbia hirta é considerada uma planta pantropical. No Brasil, ocorre de forma espontânea em todas as regiões, especialmente em áreas de clima quente e úmido, sendo comum em beiras de estradas, terrenos baldios e pastagens.


Usos Medicinais:

A planta é bastante conhecida na medicina popular por suas propriedades:

  • Expectorante

  • Antiasmática

  • Antibacteriana

  • Antiespasmódica

  • Antidiarreica

  • Anti-inflamatória

É tradicionalmente utilizada para tratar:

  • Asma e bronquite

  • Tosse com catarro

  • Diarreia e disenteria

  • Conjuntivite (uso externo com infusão)

  • Problemas urinários


Modo de Usar e Preparação:

Uso interno (chá):

  • ✳️ Indicação: problemas respiratórios, diarreia, infecções urinárias

  • Preparo: fazer infusão com 10 a 15 g das partes aéreas secas em 1 litro de água. Tomar 2 a 3 xícaras por dia.

Uso externo (lavagem ocular e de feridas):

  • ✳️ Indicação: conjuntivite, irritações oculares leves

  • Preparo: infusão leve das folhas (bem coada) para aplicação local com gaze ou compressas.

⚠️ Atenção: o uso do látex diretamente sobre a pele ou mucosas deve ser evitado, pois pode causar irritações. Gestantes, lactantes e crianças devem evitar o uso sem orientação médica.


🌺 Curiosidades:

  • É uma das plantas mais utilizadas na medicina tradicional da Índia (Ayurveda) e nas Filipinas para o tratamento da asma.

  • Em algumas culturas africanas, é usada para estimular a produção de leite materno (galactagoga).

  • Apesar de seu uso popular ser amplo, ainda há necessidade de mais estudos científicos para validar e padronizar suas aplicações farmacológicas com segurança.


Citações como planta medicinal:

  • “A Euphorbia hirta é amplamente utilizada nas Filipinas como antiasmática, sendo chamada popularmente de ‘asthma weed’.” — Duke, J.A. Handbook of Medicinal Herbs, CRC Press.

  • "Alguns constituintes ativos da E. hirta têm sido detectados, destacando-se a presença de flavonoides tais como a quercetina (Hallet & Parks, 1951; Liu et al., 2007), leucocianidina e xantoramnina (Newall et al., 2002), afazelina e miricitrina (Liu et al., 2007), o que condiz com o resultado encontrado na prospecção fitoquímica realizada neste trabalho. Estudo de Bhagwat et al. (2008) revelou a presença de esteroides, alcaloides, carboidratos, proteínas e compostos fenólicos (flavonoides, taninos e saponinas). A presença dessas substâncias pode justificar o uso da espécie como medicinal." -Estudo botânico, fitoquímico e fisico-químico de Euphorbia hirta L. (Euphorbiaceae) - M.V. Pinto et all - Rev. bras. plantas med. 16 (3 suppl 1) • 2014- https://www.scielo.br/j/rbpm/a/7mKS8f63PZ3WxhmCndVf4fH/ - Acesso06/04/2025

  • “Estudos demonstraram atividade antimicrobiana do extrato etanólico das folhas contra cepas bacterianas comuns.” — Revista Brasileira de Farmacognosia, 2008.



Euphorbia hirta - erva-de-santa-luzia 
Foto: José Carlos Bueno - 04/2025 - Inconfidentes-MG

Euphorbia hirta - erva-de-santa-luzia 
Foto: José Carlos Bueno - 04/2025 - Inconfidentes-MG

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Ginkgo biloba

 

 Ginkgo biloba: Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) - Foto: acervo de José Carlos Bueno (Mar/2024)

Nome Científico: Ginkgo biloba L.

Família Botânica: Ginkgoaceae

Nomes Populares: Ginkgo, Árvore dos 40 Escudos, Nogueira do Japão, Árvore-avenca, árvore-folha-de-avenca e ginkgo biloba.

Descrição Botânica: O Ginkgo biloba é uma árvore caducifólia única e distinta, conhecida por suas folhas em forma de leque. Ela pode atingir alturas de até 30 metros quando adulta. Suas folhas são verdes brilhantes no verão, transformando-se em um amarelo dourado vibrante no outono. As árvores femininas produzem frutos pequenos, de cor amarelo-alaranjada, com um odor desagradável quando maduras. É uma árvore bastante longeva, podendo atingir até mais de 1.000 anos.

Usos Medicinais: As folhas do Ginkgo biloba são utilizadas na medicina tradicional há séculos, especialmente na medicina chinesa. Ela é reconhecida por suas propriedades neuroprotetoras e vasodilatadoras, sendo utilizada para melhorar a circulação sanguínea periférica, promover a saúde cognitiva e auxiliar no tratamento de distúrbios cerebrais, como demência e doença de Alzheimer. Seus extratos também são empregados na prevenção de problemas circulatórios, como varizes e úlceras, além de algumas formas de zumbido nos ouvidos.

Usos Alimentares como PANC: Embora as sementes do Ginkgo biloba sejam tóxicas quando consumidas em grandes quantidades devido à presença de compostos como o ácido ginkgólico, algumas culturas asiáticas consomem as sementes cozidas ou torradas em pequenas quantidades. No entanto, é importante ter cautela devido ao risco de toxicidade.

Modo de Usar e Preparação: Para uso medicinal, o extrato das folhas de Ginkgo biloba é comumente disponível na forma de cápsulas, comprimidos ou tinturas. A dosagem e o método de administração devem ser seguidos conforme as instruções do fabricante ou as orientações de um profissional de saúde qualificado.

Uso no Paisagismo: O Ginkgo biloba é frequentemente cultivado como uma árvore ornamental devido à sua folhagem distintiva e à bela coloração de outono. Ela é resistente e adaptável, podendo ser cultivada em uma variedade de condições climáticas e tipos de solo. Sua tolerância à poluição a torna uma escolha popular para o paisagismo urbano.

Curiosidades sobre a Planta: O Ginkgo biloba é uma das espécies de árvores mais antigas e únicas do mundo, sendo considerada um "fóssil vivo", pois não possui parentes vivos próximos. Ela é conhecida por sua resistência a doenças, pragas e até mesmo a eventos extremos, como explosões nucleares. Além disso, o Ginkgo biloba é uma árvore sagrada na cultura chinesa e é frequentemente plantada em templos e espaços sagrados.

 Ginkgo biloba: Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) - Foto: acervo de José Carlos Bueno (Mar/2024)

 Ginkgo biloba: Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) - Foto: acervo de José Carlos Bueno (Mar/2024)

 Ginkgo biloba: Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) - Foto: acervo de José Carlos Bueno (Mar/2024)


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domingo, 21 de janeiro de 2024

Amora preta silvestre




Nome científico: Rubus sellowii Chan. & schitdl.

Família: Rosaceae

Imagens do acervo pessoal de José Carlos Bueno

Nomes Populares: Amora-preta-silvestre, Brombeere Sellow, Zarzamora, Blackberry (em inglês), amora-brasileira, sarça, amora silva.

Descrição Botânica:

Arbusto perene, espinhento (aculeado), pode atingir até 2 metros. Arbusto perene com caules espinhosos e folhas compostas, geralmente com três ou cinco folíolos serrilhados.  Pequenas, brancas ou levemente rosadas, agrupadas em inflorescências. Os frutos são drupas compostas, inicialmente vermelhas e maduras tornam-se pretas, suculentas e brilhantes.

Usos Alimentares:

Consumo Cru: Os frutos são consumidos frescos, oferecendo um sabor doce e levemente ácido.

Elaboração de Produtos: Amplamente utilizado na fabricação de geleias, compotas, sorvetes, bolos e outras sobremesas.

Consumo In Natura: Pode ser apreciado diretamente do arbusto durante a colheita.

Usos Medicinais:

Propriedades: Rico em antioxidantes, como antocianinas e vitamina C. Segundo um artigo de 2019, possui cerca de 38,43 mg de vitamina C por 100 g, apenas um pouco inferior a laranja e quase 10 vezes o teor das uvas americanas.

Benefícios:

Contribui para a saúde cardiovascular. Fortalece o sistema imunológico. Possíveis propriedades anti-inflamatórias.

Usos Tradicionais:

Cataplasmas: Em algumas tradições populares, partes da planta são usadas em cataplasmas para tratar irritações cutâneas.

Cultivo:

Prefere climas subtropicais e temperados e adapta-se bem a diversos tipos de solo. A colheita é realizada manualmente durante a temporada de frutificação.

Curiosidades:

A Rubus sellowii é conhecida por sua rusticidade e adaptabilidade, sendo cultivada em várias partes do mundo.

O processo de colheita pode ser uma experiência única, já que os frutos, muitas vezes, crescem em arbustos espinhosos.

Lembre-se de que as informações fornecidas são gerais e podem variar com base em condições específicas de cultivo e região. Recomenda-se sempre consultar fontes adicionais para informações mais detalhadas sobre a planta.




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