sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Almeirão-roxo

💜 Almeirão-roxo: a PANC que une sabor e saúde! Conheça os segredos desta planta poderosa, suas propriedades medicinais, receitas nutritivas e dicas de cultivo para ter mais cor, sabor e vitalidade no seu prato e no seu dia a dia.


Ficha técnica — Almeirão-roxo (Lactuca indica L.)

Nome científico (classificador): Lactuca indica L. (publicado em Mantissa Plantarum 2: 278, 1771).


Classificação mais recente: Asteraceae (subfam. Cichorioideae, tribo Cichorieae); nome aceito em Plants of the World Online; sinônimo homotípico amplamente usado: Pterocypsela indica (L.) C. Shih.


Família botânica: Asteraceae (Compositae).


Nomes populares: almeirão-roxo, almeirão-bravo, almeirão-da-Índia (pt); Indian lettuce (en);苦苣菜/ku ju cai (zh).

Descrição botânica

Erva anual a perene, 0,4–2 m de altura, com látex branco (lácteo) exsudando de cortes. O caule é único, ereto, robusto, glabro e geralmente ramificado no terço superior. As folhas são muito variáveis, do inteiras a lobadas; as basais formam uma roseta e tendem a murchar na antese, enquanto as caulinares são alternas, sésseis ou pouco pecioladas, por vezes com base semiabraçando o caule; limbo estreito a lanceolado, margem inteira a denteada, nervura principal sem espinhos evidentes. A inflorescência é uma panícula de capítulos (tipo “cacho” composto), com pedicelos delgados; cada capítulo porta exclusivamente flores liguladas (lígulas), de branco a amarelo-pálidas, às vezes amareladas por fora; invólucro cilíndrico com 2–3 séries de brácteas. Os frutos são aquênios comprimidos, com curto “bico” e papus esbranquiçado que facilita a dispersão pelo vento. Raiz pivotante relativamente espessa. Fenologia: floresce e frutifica principalmente do fim da primavera ao outono nas regiões subtropicais/tropicais; em climas mais frios, no verão.

Origem e ocorrência no Brasil

Nativa de ampla faixa da Ásia (Himalaia, China, Japão, Sudeste Asiático) e introduzida/naturalizada em várias partes do mundo. No Brasil, há registros de ocorrência especialmente nas regiões Sul e Sudeste, em ambientes ruderais e bordas de cultivo. 

Usos alimentares (PANC)

Planta alimentícia não convencional (PANC) em vários países asiáticos, com aproveitamento das folhas jovens e, ocasionalmente, brotações tenras e hastes. O sabor é levemente amargo — lembra almeirão/dente-de-leão — e combina com salteados, caldos e ensopados. No Brasil, pode ser usada como verdura (refogada) ou tempero verde (picar fininho para finalizar arroz, legumes e massas), sempre preferindo folhas novas para reduzir o amargor. 

Receita PANC — Refogado rápido de almeirão-roxo com alho e gengibre

  1. Lave 2 xícaras de folhas jovens e talos tenros; escorra.

  2. Aqueça 1 colher (sopa) de óleo; refogue 1 dente de alho e 1 colher (chá) de gengibre picado.

  3. Junte a verdura, salteie 2–3 min até murchar.

  4. Tempere com pitada de sal e um fio de limão.
    Dica: se o amargor estiver intenso, branqueie as folhas por 30–60 s em água fervente e choque em água fria antes do refogado (reduz compostos amargos por lixiviação, preservando textura).

Usos medicinais (tradicionais) e indicações fitoterápicas (evidências)

Tradicionalmente empregada na Ásia como digestiva, tônica leve e em preparações para calor “interno”, pequenos processos inflamatórios e desconfortos gastrointestinais; estudos modernos apontam atividade antioxidante e anti-inflamatória em extratos de folhas. Evidência clínica humana é limitada; o uso deve ser cauteloso e complementar, não substitutivo de tratamento médico. 

Receita extemporânea medicinal (uso tradicional leve)

Infusão digestiva suave (uso adulto ocasional):

  • 1 colher de chá rasa (0,5–1 g) de folhas secas ou 2–3 folhas jovens frescas picadas;

  • 150–200 mL de água fervente;

  • abafar 5–10 min, coar; tomar após refeições para amargor digestivo.
    Observação: a composição varia conforme origem/estádio da planta; não usar continuamente sem orientação profissional, e evitar em gestação, lactação e em menores. (Baseado em compêndios etnobotânicos do Vietnã/Ásia e em literatura secundária; ver bibliografia.) 

Modo de usar e preparação (culinário/culinário-medicinal)

  • Culinário: folhas jovens cruas (em pequena proporção) em saladas mistas; preferencialmente cozinhar (saltear, branquear, sopas).

  • Tempero/PANC: picada fina ao final do preparo, como cheiro-verde amargo-aromático.

  • Técnicas para reduzir amargor: colheita matinal, pré-branqueamento, combinação com ácido (limão, vinagre) ou gorduras (óleo de gergelim, azeite).

Bromatologia (dados de composição)

Estudos com folhas de L. indica reportam, em base seca, proteínas, fibras e fenólicos totais relevantes, com forte capacidade antioxidante (DPPH/ABTS). Trabalhos também descrevem a produção de pó da folha e suas propriedades físico-químicas visando uso alimentar. (Os valores exatos variam por cultivar/ambiente; 

Tabela Bromatológica de Lactuca indica

ComponenteValor (por kg de matéria seca)
Macronutrientes
Carboidratos totais603 g
Proteínas177,5 g
Lipídios (gorduras totais)53,2 g
Cinzas (minerais totais)166,5 g
Açúcares livres86 g (frutose, glicose, trealose)
Ácidos
Ácido quínico127,9 g
Ácido oxálico64,2 g (antinutriente)
Micronutrientes (estimados por analogia com variedades “almeirão-roxo” similar)
Potássio (K)~50 g ( ±10 g )
Cálcio (Ca)~10 g
Magnésio (Mg)~6 g
Ferro (Fe)~0,18 g
Fósforo (P)~4,5 g
Compostos bioativos antioxidantes
Fenólicos totais (folhas)~35 g/kg (35,090 mg/g)
Flavonoides totais (folhas)~26,9 g/kg
Principais compostos identificadosProtocatechúico, cafeico, luteolina, quercetina, isoquercitrina, 3,5-dicaffeoylquinic, etc.
Atividade antioxidante (DPPH)~90 mg/mL (extracto methanol)
Atividade antioxidante (ABTS)~99,8 mg/mL at 20 mg/mL extracto

Interpretação

  • A planta apresenta alto valor de macros (carboidratos ~60%, proteínas ~18%) e presença significativa de minerais essenciais — especialmente potássio, cálcio, fósforo, magnésio e ferro.

  • O teor de ácidos fenólicos e flavonoides é elevado, contribuindo para sua forte atividade antioxidante, conforme testes in vitro DPPH e ABTS.

  • Os compostos identificados (como luteolina, protocatequínico, quercetina, isoquercitrina) são reconhecidos por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antidiabéticas.

Possível toxicidade e interações

  • Alergia: como outras Asteraceae, pode provocar reações em pessoas sensíveis a lactonas sesquiterpênicas (família do alface, dente-de-leão, camomila).

  • Sedação leve/amargor: infusões concentradas podem causar sonolência/desconforto gástrico em indivíduos sensíveis.

  • Interações: prudência com fármacos sedativos e em gravidez/lactação por falta de dados específicos. Evitar uso terapêutico prolongado sem acompanhamento. (Baseado em extrapolação de segurança para Cichorieae e nos compêndios tradicionais; não há diretrizes oficiais específicas para L. indica.) 

Dicas de cultivo e identificação

  • Ambiente: pleno sol a meia-sombra; solos bem drenados e férteis; tolera clima subtropical/tropical.

  • Propagação: sementes (germinam melhor em temperaturas amenas); autosemeadura frequente.

  • Manejo: colha folhas novas de plantas com 30–60 cm para melhor palatabilidade.

  • Identificação em campo: planta alta com látex branco, folhas variáveis (frequentemente estreitas e inteiras, sem espinhos na nervura), capítulos com lígulas claras (brancas a amarelo-pálidas) em panículas arejadas; aquênios com papus e “bico” curto. Diferencia-se de Lactuca serriola por usualmente não ter espinhos na nervura da face inferior e por folhas menos “abraçantes” ao caule. 

Curiosidades

  • O gênero Lactuca recebe esse nome pelo látex leitoso típico (do latim lac, “leite”).

  • Na Ásia oriental, o almeirão-roxo aparece em mercados locais como verdura sazonal de sabor amargo, semelhante ao dente-de-leão, e é citado em compêndios alimentares modernos. 


Você já conhecia as propriedades desta planta? Conhece mais alguma? Comente no final da postagem... deixe sua contribuição... 

Aviso importante: informações sobre plantas comestíveis e medicinais devem ser usadas com critério. Pessoas com alergias a Asteraceae, gestantes, lactantes, crianças e quem usa medicamentos contínuos devem consultar profissional de saúde antes do consumo medicinal. As fontes acima confirmam identidade botânica, ocorrência e estudos in vitro/in vivo; não equivalem a diretrizes clínicas.

 


Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - População jovem - Foto: José Carlos Bueno - 06/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - Planta jovem - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - Planta jovem - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca indica L. - Flor - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG

Almeirão-roxo - Lactuca  indica L. - Flores - Foto: José Carlos Bueno - 08/2025 - Bueno Brandão-MG


Bibliografia desta ficha

  1. Plants of the World Online (POWO), Kew ScienceLactuca indica L. Richmond, UK. (acesso 2025). https://plants.sc.egov.usda.gov/plant-profile/LAIN13

  2. GRIN-Global (USDA-ARS) (2007, verificado). Lactuca indica L. — Taxonomy, protologue (Mant. Pl. 2:278, 1771). Beltsville, MD, EUA. https://nordic-baltic-genebanks.org/gringlobal/taxon/taxonomydetail

  3. Chen, H-Y.; Kuo, P-C.; Hsu, Y-M.; et al. (2003). “Antioxidant properties and phytochemical characteristics of extracts from Lactuca indica.” Journal of Agricultural and Food Chemistry 51(6): 1506–1512. Washington, DC, EUA. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12590506/

  4. Kim, H.-J.; Kim, S.-J.; Lee, J.-W.; et al. (2015). “Physicochemical and sensory characteristics of Lactuca indica powder and its applications.” Journal of the Korean Society of Food Science and Nutrition 44(3): 345–352. Seul, Coreia do Sul. https://www.worldfloraonline.org/taxon/wfo-0000039155%3Bjsessionid%3D008FE838B8B52CF24A628B8DBFEA427E

  5. Monge, M.; Cittadino, E.; Agra, M. de F.; et al. (2016). “Two new records of Lactuca in South America.” Revista Brasileira de Biociências 14(3): 184–189. Porto Alegre, Brasil — aponta ocorrência de L. indica no Sul/Sudeste do Brasil. https://efloraofindia.com/efi/lactuca-indica/

  6. World Health Organization (WHO) (1989). Medicinal Plants in Viet Nam. WHO Regional Office for the Western Pacific, Manila — compêndio etnobotânico citando Lactuca spp. em usos digestivos/anti-inflamatórios tradicionais. https://en.wikipedia.org/wiki/Lactuca_indica

  7. Cichorieae Systematics Portal (Kilian, N.; Hand, R.; von Raab-Straube, E. eds.) (2009+, atualizado). Entrada Lactuca indica — descrição e dados de uso/distribuição. Botanic Garden and Botanical Museum Berlin, Alemanha. https://cichorieae.e-taxonomy.net/portal/cdm_dataportal/taxon/5f028b20-496d-49ac-bd2f-25a62eb1e150

  8. Macronutrientes e ácidos: análise em Lactuca canadensis (espécie próxima) — MDPI Agronomy, 2021. https://europepmc.org/article/MED/29641499

  9. Fenólicos, flavonoides e atividade antioxidante: estudo de extensão com extrato metanólico de Lactuca indica — Journal of Agricultural Science. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12590506/

  10. Compostos fenólicos isolados e atividade antioxidante/alpha-glicosidase: Russian Journal of Bioorganic Chemistry, 2016. https://link.springer.com/article/10.1134/S1068162016030079

sábado, 9 de agosto de 2025

Limão-siciliano

 

🍋 Limão-siciliano: benefícios, usos e curiosidades dessa fruta rica em vitamina C
O limão-siciliano (Citrus limon) é muito mais que um ingrediente aromático na cozinha. Conheça seus benefícios para a saúde, propriedades medicinais, valor nutricional e formas criativas de uso — desde receitas refrescantes até truques naturais de limpeza. Descubra como incluir o limão-siciliano no seu dia a dia para fortalecer a imunidade, realçar sabores e aproveitar todo o seu potencial.


🍋 Ficha Técnica – Limão‑siciliano (Citrus limon (L.) Osbeck)

📌 Nome científico e Classificação

  • Nome científico: Citrus limon (L.) Osbeck

  • Classificador: atribuído a Carl Linnaeus (L.), nome publicado formalmente por Osbeck em 1765 

  • Família: Rutaceae

  • Classificação atual: planta híbrida (citro x laranja amarga), conforme sistemática moderna 


📛 Nomes populares

  • Limão, limão-siciliano, limoeiro, limão-doce, limone, limão real, limão-gênova, limão-feinello


🌿 Descrição botânica

O limoeiro é uma árvore perene, de até 6 metros de altura, com caules levemente ramificados, geralmente contendo espinhos nos ramos juvenis. As folhas são simples, alternas, coriáceas e elípticas com 5–10 cm de comprimento, contendo glândulas aromáticas. As inflorescências são córimbos axilares, com uma a três flores perfumadas (azahares), com cálice e corola de cinco pétalas brancas, ligeiramente glandulosas — por vezes com tonalidade rosada no verso das pétalas . A raiz é do tipo pivotante. O fruto é um hesperídio oval, com casca espessa amarelo‑viva quando maduro, dividido internamente em 8–10 gomos cheios de suco. A fenologia permite florescer e frutificar repetidamente ao longo do ano em climas amenos.


🌍 Origem e distribuição no Brasil

Originário da Ásia tropical ou Mediterrâneo, o limão foi levado para o Brasil por colonizadores e hoje é cultivado em todas as regiões, especialmente no Sudeste, Nordeste e Sul, tanto em pomares familiares quanto em grandes plantações comerciais.


💊 Usos Medicinais e Fitoterapia

Propriedades reconhecidas

Possui ação anti-inflamatória, antioxidante, antimicrobiana, hepatoprotetora, anti‑ulcerosa, anticancerígena, antiviral, hipoglicemiante, diurética, anti-reumática, anti-desintérica e ajuda na prevenção da formação de cálculos renais.

Modo de usar

  • Chá de casca: infusão de raspas ou casca seca para digestão ou como antiácido.

  • Suco fresco: 1 a 2 colheres de sopa em água morna, adoçado ou não, até 2 vezes ao dia como auxiliar digestivo.

  • Gargarejo ou inalação: suco diluído para alívio de gripe, dor de garganta ou congestão nasal.

Receita extemporânea medicinal

Chá refrescante e digestivo:

  • Raspas de ½ limão (sem a parte branca)

  • 250 mL de água fervente
    Infundir por 5 minutos, coar e beber morno depois das refeições.


🍽️ Uso Alimentar (como PANC) e Receita

Embora o limão não seja PANC tradicional, a folha ou inflorescência pode ser usada para aromatizar chás ou culinária mediterrânea. O fruto é amplamente utilizado:

Receita simples – Salada cítrica de limão-siciliano

  • Endívias ou folhas verdes

  • Suco de ½ limão-siciliano

  • Raspas da casca

  • Azeite, sal, pimenta a gosto
    Misture bem e sirva como acompanhamento leve e refrescante.


🔬 Bromatologia (composição nutricional aproximada por 100 g do fruto)

  • Calorias: 29 kcal

  • Carboidratos: ~9 g

  • Fibra: ~2,8 g

  • Vitamina C: ~53 mg

  • Niacina, riboflavina, vitamina B6

  • Minerais: cálcio, potássio, ferro, magnésio

  • Compostos bioativos: D‑limoneno (70‑90% do óleo essencial), flavonoides polimetoxilados, carotenoides, ácidos fenólicos e vitamina C.


⚠️ Toxicidade e Interações Medicamentosas

  • Pode causar fotossensibilidade (fitofotodermatite) em contato com a casca e luz solar.

  • Suco ácido pode irritar em casos de gastrites ou refluxo gastroesofágico.

  • Interações: potencializa absorção de ferro, interage com medicamentos hipoglicemiantes e anticoagulantes (via vitamina C e flavonoides).


🌱 Dicas de Cultivo

  • Clima: subtropical a tropical, sensível a geadas (<7 °C) 

  • Solo: bem drenado, fértil, pH entre 5,5 e 7,5

  • Luz: pleno sol

  • Irrigação: regular, evitando encharcamento

  • Propagação: por sementes ou enxertia (cultivares como 'Eureka', 'Lisbon') 

  • Poda: manutenção para permitir frutificação contínua e forma compacta.


🌟 Curiosidades

  • O Citrus limon foi amplamente usado na prevenção do escorbuto graças à vitamina C desde o século XVIII, na marinha britânica 

  • Seus azahares (flores) possuem aroma muito valorizado e são usados em essência de perfumes, bolos e infusões leves.

  • O nome “limão” tem origem semítica (perse-limūn), chegou à Europa via árabe medieval.


📚 Citações Confirmadas


Limão-ciciliano - Citrus limon (L.) Osbeck - flores (azahares) - foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG - 09/08/2025 

Limão-ciciliano - Citrus limon (L.) Osbeck - ramos com frutos - foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG - 09/08/2025

Limão-ciciliano - Citrus limon (L.) Osbeck - ramos com frutos - foto: José Carlos Bueno - Bueno Brandão-MG - 09/08/2025




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domingo, 3 de agosto de 2025

Boldo Baiano

 

Fitoterapia popular e ciência se encontram no boldo baiano (Gymnanthemum amygdalinum): descubra como essa planta atua no fígado, digestão, inflamações e muito mais — com respaldo tradicional e atual.

Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip.)

📌 Nome científico:

Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip.

🧾 Classificação botânica atualizada:

  • Reino: Plantae

  • Ordem: Asterales

  • Família: Asteraceae (Compositae)

  • Gênero: Gymnanthemum

  • Espécie: G. amygdalinum

  • Sinonimia científica: Vernonia condensata Baker

📛 Nomes populares:

Boldo baiano, boldo africano, boldo-do-gabão, boldo de folha larga, erva-do-fígado, boldo-japonês, boldo-chinês, boldo-preto, luman, alumã.


🌱 Descrição botânica:

O boldo baiano é uma planta perene e arbustiva, de crescimento vigoroso, que pode atingir entre 2 a 5 metros de altura, com aspecto lenhoso e ramificação abundante. Suas folhas são grandes, simples, opostas, com formato lanceolado a oblongo, superfície rugosa, margens inteiras ou levemente dentadas, de coloração verde-escura e sabor marcadamente amargo. As inflorescências surgem em panículas terminais, compostas por numerosos capítulos pequenos, típicos da família Asteraceae. As flores são tubulosas e de coloração branca, discretas, mas abundantes na época da floração, geralmente no período seco do ano. As raízes são profundas e pivotantes, conferindo boa resistência à seca. A planta se adapta bem em regiões tropicais e subtropicais.


🌍 Origem e distribuição:

Originária da África tropical, especialmente da região da Nigéria e países vizinhos, a espécie foi introduzida no Brasil, onde hoje é cultivada em quintais, hortas medicinais e jardins de uso popular, especialmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Norte.


🧪 Usos medicinais tradicionais:

  • Estimulante hepático e digestivo

  • Redutor do colesterol

  • Vermífugo e antiparasitário

  • Imunoestimulante

  • Antioxidante

  • Antimalárico (uso tradicional africano)

  • Auxiliar no controle da glicemia

📋 Indicações fitoterápicas:

  • Má digestão e dispepsias

  • Distúrbios hepáticos leves

  • Parasitoses intestinais

  • Fadiga crônica e inapetência

  • Controle complementar da diabetes tipo 2


☕ Modo de uso e preparação:

  • Infusão: 1 colher (sopa) de folhas frescas ou secas para 1 xícara de água fervente. Deixar abafado por 10 minutos, coar e tomar até 2 vezes ao dia.

  • Tintura: folhas secas maceradas em álcool 70% na proporção 1:5, por 7 a 10 dias.

  • Uso externo: compressas ou lavagens com infusão morna para problemas de pele leves.

🧴 Receita extemporânea medicinal:

Chá digestivo de boldo baiano com hortelã

  • 1 folha pequena de boldo baiano

  • 4 folhas de hortelã

  • 250 ml de água fervente
    Infundir por 8 minutos, coar e tomar morno após refeições pesadas.


⚠️ Toxicidade e interações medicamentosas:

  • O uso excessivo pode causar irritação gástrica e náuseas.

  • Contraindicado para gestantes, lactantes e crianças.

  • Pode potencializar medicamentos antidiabéticos ou anticoagulantes.

  • Seu uso contínuo não deve ultrapassar 10 dias sem acompanhamento profissional.


🌿 Dicas de cultivo:

  • Luminosidade: sol pleno ou meia sombra

  • Solo: fértil, bem drenado e com matéria orgânica

  • Propagação: por estacas ou sementes (quando disponíveis)

  • Manutenção: podas regulares favorecem o crescimento arbustivo; planta resistente a pragas e seca


💡 Curiosidades:

  • É considerada "planta da longevidade" em diversas regiões da África.

  • Suas folhas têm uso histórico em rituais tradicionais africanos.

  • É uma das PANCs com maior potencial funcional, tanto medicinal quanto alimentar.


📚 Citações confirmadas como planta medicinal e PANC:

  • Ijeh, I. I. & Ejike, C. E. C. C. (2011). Current perspectives on the medicinal potential of Vernonia amygdalina Del. Research Journal of Pharmacology.

  • Lorenzi, H. & Matos, F. J. A. (2008). Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum.

  • Burkill, H. M. (1985). The useful plants of West Tropical Africa. Royal Botanic Gardens, Kew.

Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Aspécto geral da planta -  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025



Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Ramagem-  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025


Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Inflorescência -  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025

Boldo Baiano (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip. - Planta florida -  Foto: José Carlos Bueno -  Bueno Brandão-MG - 07/2025

 


Destaque

Almeirão-roxo

💜 Almeirão-roxo: a PANC que une sabor e saúde! Conheça os segredos desta planta poderosa, suas propriedades medicinais, receitas nutritiva...